Ouço falar de tango e vem-me à cabeça duas coisas: sensualidade e cumplicidade.
Aprendi a dançar como todas as mulheres da minha família, em cima dos pés do meu avô. Foram grandes momentos de cumplicidade. Era um passatempo, num tempo que pouco havia para o fazer passar. Bons tempos.
Lembro-me de ser pequenita e adorar ver os meus avós dançar. Como eles dançavam bem. Afinados, coordenados, e enamorados. Ele, bastante mais alto que ela, conduzia-a com ternura e com firmeza, ela gostava de ser conduzida. O meu avô dançava com as outras mulheres, da família ou não. A minha avó só dançava com ele, não sabia dançar com outro homem, dizia ela. Tenho a certeza que não.
Passava horas a vê-los dançar, nunca me cansava, nunca se cansavam. Ainda hoje, quando tocam um tango, parece que os vejo dançar e a cada passo, cada deslize de pés, eles contavam uma história, que iam escrevendo no chão.
2 comentários:
Gostei do seu post. A técnica pode aprender-se. O sentimento, não.
Mas vai-se entranhando, como diria o poeta...
E o tango dança-se mesmo com o coração.
Já me apeteceu escever sobre esse tema.
A.
Então escreva!!! Se me permite a sugestão/desafio, faça-o através de um conto.
J
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