Digo sempre que não há nada mais difícil que criar um filho. Não falo do esforço físico ou económico.
Falo do saber agir, do saber orientar, do saber estimular, do saber comunicar, do saber respeitar, de saber dizer o certo na hora certa.
Eu sei que não tenho nada com a forma como os outros criam os seus filhos. Eu não sou melhor nem pior que ninguém, mas por vezes vejo situações em que criancinhas de 5 anos, fazem sombra a Napoleão (antes de Sta. Helena, claro...).
Se há coisa que não consigo ver numa criança é que elas sejam reproduções exactas dos adultos. Crianças sem espontaneidade, crianças a quem parece que a infância foi roubada... Mas infelizmente cada vez mais encontro esses pequenos ditadores, que mandam em casa e no recreio.
Se há coisa que faço questão de ensinar é o respeito pelos outros. Não deixo, nem digo nunca, a minha empregada, aqui em casa é a "nossa D. Rosa" e na escola é a "Auxiliar". Não deixaria nunca ninguém limpar o que as minhas filhas sujam e olho sempre nos olhos quem me atende. Isto para mim é básico. Eu já estive do lado de dentro de um balcão, por isso sei do que falo. É importante saber pegar numa vassoura, tanto como escolher um vestido de gala. É preciso saber "tomar chá" com o Rei de Espanha da mesma forma que é preciso saber dividir um copo de vinho com o Sr. Joaquim. E se eu não tolero a soberba num adulto, numa criança é verdadeiramente insuportável.
Por isso é tão difícil criar um filho. Por isso me vejo literalmente à rasca, constantemente.
Parece uma auto estrada. Parece que vamos todos no mesmo sentido e depois há um maluco que acha que só ele é que está certo.
9 comentários:
Eu fui pai aos 19 anos, e nessa altura escrevi algo como "Não permitas que abandone o sonho: prescindir de mim no teu encontro."
Eu acho que o difícil começa logo na escolha do nome. É uma escolha nossa que eles aguentam a vida inteira.
O respeito é algo que as crianças aprendem pelo exemplo.
E o mais difícil ainda são as alturas que temos de ficar parados e não fazer nada. Isso é que custa mesmo.
Não há receitas, mas o saber-se dizer "sim" ou "não" com convicção, é um bom método mesmo que nos custe muito.
Compreendo o seu desabafo, é de uma mãe consciente de que as crianças têm que ser educadas dentro de determinados princípios.
Penso que vai pelo caminho certo e não é fácil, pode crer, trilhar essa direcção. Fazendo-o sabe que as suas filhas são "botões" que se transformaram em lindas flores e que estas darão óptimos frutos.
Beijo amigo
JS, adorei esta tua reflexão. E pensares e agires assim é o passaporte para as tuas filhas agirem da mesma forma.
O que nós fazemos, inevitávelmente é o que eles farão.
Pelo que conheco de si, as suas filhotas têm o melhor exemplo em casa!
Bj
É preciso respeitar toda a gente de forma igual, independentemente do estrato social. Isso sim, é sinal de BOA educaçao.
Tem feito um bom trabalho! É mais que um exemplo para as suas filhas.
Temos conversas diárias nesse sentido, interrogamos tantas vezes as atitudes dos outros...
É tão bonito saber estar, falar e saber o lugar que se ocupa!
É essencialmente uma questão de princípios e valores, de essência...esses têm que ser transmitidos pelos adultos!
Infelizmente o que prevalece entre as crianças é a lei da sobrevivência, por isso o trabalho em casa tem que ser reforçado.
Esqueci um pequeno pormenor...
Ju quem melhor que nós sabe, que para entender as crianças, o melhor é mesmo conhecer os pais...
tudo fica bem mais claro!
As crianças são fruto da educação que lhes damos e dos exemplos que transmitimos. São fruto do que veem, do que ouvem, sobretudo em casa. Quotidianamente vemos exemplos desses. O respeito, a educação, alguma humildade, e saber olhar nos olhos dos outros, saber que o sim e o não, o olá e o Obrigado são gestos, palavras, que só nos engrandecem, não deve ser esquecido por ninguém.
A adaptação a vários modelos, como a tasca do TiZé, ou a mansão do Dr Jacob são reflexos dessas adaptações.
E basta tão pouco.....
JP
Acho que vamos todos na mesma direcção, um abraço!
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