quarta-feira, 3 de junho de 2009

Adolescência.

Esta semana, tive de ir a uma consulta de saúde publica. O meu vínculo laboral obriga a que as minhas doenças ou incapacidades sejam atestadas por um médico que não é o meu. Adiante...
Quando láentrei, sentei-me no único lugar vago que vi. E tal era o meu estado, só algum tempo mais tarde comecei a olhar em volta...
A conversa era liderada por uma senhora, apenas ela falava. Reclamava do Serviço Nacional de Saúde, do Sistema de Ensino, da Segurança Social, do patrão, do ex-patrão, da mulher do ex-patrão e até do tempo, pois fazia calor a mais. Toda ela ela revolta, mas apresentava soluções e olhava para todos à procura de um sinal de concordância.
À minha frente estava a filha 13 ou 14 anos, dois telemóveis na mão e mandava sms a uma velocidade tal que acredito que poderia entrar para o Guiness. Tinha uma atitude típica de um adolescente, a irritabilidade exagerada pelo tempo de espera, as gargalhadas demasiado sonoras para o sitio em questão, mas tudo isso é normal, irrita-me mas faz parte do processo.
Mas houve um momento, que não gostei. A mãe pediu à filha para lhe ir buscar um copo de água, ao que a filha respondeu com uma violência e arrogância incríveis, que não ia.
A mãe que outrora, reclamava contra o país e o mundo, baixou os olhos, pediu desculpa e foi ela buscar o copo de água.
Tive vontade de perguntar à menina se fazia ideia de quantas vezes a mãe se terá levantado de dia e de noite por causa dela.
Tive vontade de perguntar à mãe se nunca reclamava da governante que tinha em casa.
Perguntas de retórica, apenas.

13 comentários:

maria teresa disse...

Quantas e quantas vezes vi cenas semelhantes a essa, quando recebia pais a que só faltava pôr uma bomba na escola e que, quando os filhos eram chamados à sua presença, pareciam cordeirinhos, eu é que tinha que pôr "rédeas" no "bate papo" que se estabelecia.
É muito vulgar, infelizmente, essas situações surgirem, estamos numa sociedade em que, uma grande fatia de pais, como têm pouco tempo para estarem com os filhos e querem ser amados, "compram" esse amor com a sua demissão de educadores.
É urgente não sei como, nascerem escolas para pais!

J. Maldonado disse...

Se os pais se preocupassem mais em dar em educação em vez de telemóveis aos filhos, não aconteceriam estas tristes situações... :|

Daniel C.da Silva disse...

É por isso que cada vez menos ligo ao Dia da Criança. Ha maes que sacrificam metade do salario ja curto, para comprar marcas de tenis ou de roupa aos filhos, comm os argumentos de que "antes isto do que na droga".

Enfim, é tudo uma questao de valores...

sakura disse...

É das coisas que mais me irritam...ver pseudo-senhoritas (aka adolescentes) a falarem mal com os pais sem um pingo de respeito...faz-me mesmo confusão e revolta-me profundamente.
Não sabem o sacrificio que muitos pais fazem e que no fundo dão tudo para que não lhes falte nada...
Beijinho*

Maria disse...

Já nós todos fomos um bocadinho assim.. São fases. Só passado um tempo é que se começa a dar valor aos Pais =)

beijinho.

R disse...

Quanto a mim há uma excessiva permissibilidade dos pais para com os filhos, que na adolescência é gritante (pq é uma fase difícil), torna-se ainda pior de gerir. E que tal os pais não terem medo de ser pais e não abdicarem do papel de educadores, dos seus filhos? É que se vê por aí miúdos que têm tudo, menos quem lhe imponha regras de conduta. Isto é o que eu penso, pelo que me é dado observar. Gostei do tema do post, é muito pertinente.
Beijinhos

Anónimo disse...

Infelizmente é este o tipo de educação que têm estes jovens!

Acerca disto há um video no youtube espectacular!

e me permitires irei fazer uma referência a este teu post e colocarei o vídeo. É sem sombra de dúvida uma lição de vida que precisa de ser partilhada!

Poetic Girl disse...

Infelizmente é cada vez mais comum, mas sabemos bem de quem é a culpa, não sabemos? beijocas

Ana disse...

Já vi muitas cenas semelhantes, infelizmente...
É muito triste que alguém não tenha a noção dos sacrificios e do que significa ser mãe...
Quando vejo essas coisas até fico sem palavras... É muito triste...
Beijo

Ana disse...

Já vi muitas cenas semelhantes, infelizmente...
É muito triste que alguém não tenha a noção dos sacrificios e do que significa ser mãe...
Quando vejo essas coisas até fico sem palavras... É muito triste...
Beijo

Izzie disse...

é realmente muito triste...

Cor disse...

Bem, confesso que a adolescência é mesmo aquela fase que só apetece meter a rapaziada no dito armário, mas já passei por ela, penso que até muito calmamente e sem grandes “traumas” para mim ou para os meus pais, mas realmente assusta-me pensar que estou quase a passar pelo outro lado , logo se vê como correrá.
Em relação ao que li aqui podem existir várias interpretações, posso também pensar que aquela adolescente estará constantemente a ouvir aquela mãe a reclamar sobre este mundo e o outro, e provavelmente no recato do lar a reclamação não será só sobre o sns, sobre a segurança social ou sobre o sistema de educação. Será que esta adolescente não estará sempre a ser “reprovada” ? Será que esta adolescente se sente amada?( e certamente será, mas há que os fazer sentir).
Pode ter sido apenas um gesto de rebeldida,pode ter sido apenas a maneira que ela teve de reclamar. E a mãe pode ter percebido...

( desculpa o testamento JS)

JS disse...

Maria Teresa, infelizmente na secretaria tb presenciamos isso muitas vezes.

Maldonado, sejabem vindo. Acho que é a compensação pela falta de tempo em familia...

Daniel, concordo contigo. A exigência das crianças é grande e a mãefica sempre em último.


Sakura, compreenderão quando forem pais, assim o espero...

Maria, eu acho que a rebeldia e a vontade de ser diferente e mudar o mundo e de termos sempre razão, faz parte da adolescência. Mas a má criação não tem lugar em nenhuma faixa etária.

Prof Pardal, tu podes falar bem sobre o assunto, lidas com eles a toada a hora!

Bela, sabemos sim senhora!

Ana Serrano, como dizem os brasileiros: a maior vingaça de uma mãe é que a filha dela um dia também o será.

Izzie, nãe é só triste...

Cor, adorei o "testamento", vista a situação por outro prisma, igualmente bastante válido. Nunca sabemos o que se passa debaixo do telhado do vizinho e às vezes um acto isolado, tem só o valor de um acto isolado. Gostei mesmo do teu comentário.